Grande parte do microplástico no oceano vem das roupas

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A quantidade de microplásticos nos oceanos é um problema que vem sendo bastante debatido nos últimos anos. No Oceano Atlântico, o volume desses poluentes varia entre 12 e 21 milhões de toneladas a cada 200 metros de profundidade, o que é 10 vezes mais do que o imaginado.

Como o próprio nome diz, trata-se de uma pequena partícula de plástico que altera a composição de certas partes dos oceanos, prejudicando o ecossistema da região e, consequentemente, a saúde humana. Os pesquisadores apontam que os microplásticos presentes no oceano são oriundos de diversas fontes como produtos de higiene, redes de pesca, garrafas e sacolas de plástico e materiais de poliéster. 

Um estudo, publicado na revista científica Nature, investigou a ingestão de microplásticos por quatro espécies de tubarões do Oceano Atlântico Norte: o tubarão-gato-malhado (Scyliorhinus canicula), o sabujo estrelado (Mustelus asterias), o cação-espinho (Squalus acanthias) e o tubarão-touro (Scyliorhinus stellaris). No total, foram contabilizados 379 microplásticos (partículas de plástico ou fibras menores do que 5 milímetros), dentro dos tubarões. Boa parte dessas fibras eram de celulose sintética, o mesmo material encontrado em roupas de poliéster e produtos como as máscaras faciais utilizadas na pandemia de Covid-19.

Já no Ártico, os pesquisadores perceberam que havia uma média de 40 partículas de microplástico por metro cúbico, sendo 92,3% de fibras de microplástico, dos quais 73,3% eram poliéster. O estudo também demonstrou que as concentrações de microplásticos eram quase três vezes maiores no Ártico Oriental (que fica acima do Oceano Atlântico Norte e da Europa Ocidental) do que no Ártico Ocidental (acima do Alasca e da costa a oeste do Canadá).

Como o microplástico vai parar no meio ambiente?

Lavagem de roupa

Grande parte das roupas são compostas por fibras têxteis sintéticas de plástico – um exemplo é o poliéster. Durante a lavagem das roupas, por meio do choque mecânico, as partículas de microplástico se desprendem e acabam sendo enviadas para o esgoto, indo parar em corpos hídricos e no ambiente.

Ar

As fibras têxteis de plástico também vão parar no ar. Um estudo sugere que o simples atrito de um membro do corpo com o outro, quando a pessoa está vestida com roupas de fibras têxteis sintéticas plásticas, já seria o suficiente para dispersar o microplástico na atmosfera. Essa poeira de microplástico pode ser inalada, juntar-se ao vapor ou ir parar em seus alimentos, por exemplo.

Cosméticos e produtos de higiene

Alguns sabonetes, cremes, pastas, géis e máscaras esfoliantes são um perigo para o ambiente. Esses produtos podem ser feitos com partículas de polietileno que, após o uso, caem diretamente na rede de esgoto. Mesmo quando há estações de tratamento, as microesferas de plástico dos cosméticos não são retidas pela filtragem de partículas, pois são muito pequenas, e acabam indo parar no oceano.

Tintas látex e acrílicas

Uma reportagem mostrou que a tinta plástica utilizada em casas, carros e navios se desprende por meio de intempéries e vai parar no oceano, formando uma camada de microplástico na superfície do mar. Vale ressaltar que as tintas látex e acrílicas usadas para artesanato também podem ser acrescentadas nesse tópico como materiais geradores de microplástico.

Pesca fantasma

A pesca fantasma está associada ao abandono e descarte de equipamentos desenvolvidos para capturar animais marinhos. Além de colocar em risco toda a vida marinha, esses itens possuem plástico em sua composição. Ao se degradarem, essas partículas plásticas se transformam em microplásticos.

Nurdles

Diferente dos resíduos plásticos que se degradam até se tornarem microplásticos, os nurdles já são feitos com um tamanho reduzido. Eles são a maneira mais econômica de transferir grandes quantidades de plástico para fabricantes de uso final do material em todo o mundo. O problema é que navios e trens despejam acidentalmente essas bolinhas em estradas ou no mar; ou a parte que sobra da produção não é tratada adequadamente. Se alguns milhares de nurdles caem no mar ou em uma rodovia, é praticamente impossível fazer a limpeza.

Material semelhante aos nurdles são os pellets, feitos da mesma maneira, mas em formato cilíndrico. Os pellets também vão parar no ambiente devido às perdas no transporte e contaminam corpos hídricos, solo e animais.

Descarte incorreto

Durante o ano, pelo menos oito milhões de toneladas de resíduos plásticos que foram descartados incorretamente vão parar nos oceanos, lagos e rios do mundo todo. Esses descartes, se fossem encaminhados corretamente para a reciclagem, poderiam voltar para a cadeia energética. Mas, uma vez no oceano, se fragmentam em microplástico e acabam entrando na cadeia alimentar, participando inclusive da dieta humana. Cada canudo, sacola, tampa, rótulo ou embalagem descartados incorretamente se quebrarão e formarão microplástico. O plástico não desaparece, só fica menor.

E agora?

Encontrar soluções sustentáveis para diminuir o uso de plástico ainda é um desafio. Por isso, para preservar não apenas os oceanos, mas o meio ambiente como um todo é primordial o consumo consciente e o descarte correto.

A Orla Rio tem a sustentabilidade como um dos pilares de seu negócio, através do projeto Recicla Orla, criado em parceria com a empresa Polen, buscamos dar a destinação correta para os resíduos. Atualmente, são 56 Pontos de Entrega Voluntária (PEV) na orla de Ipanema, Leblon, Copacabana e Leme disponíveis para todos que quiserem fazer a sua parte e contribuir para mudança desse panorama. 

Fontes: Galileu; Ecycle

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