A dupla ABRONCA, composta por Mariana e Jaynashe, montaram uma playlist para homenagear o Dia da Consciência Negra. Além de cantoras de Rap, as meninas também são compositores e atrizes. Fizemos uma entrevista com elas para conhecê-las, confira:
Playlist: https://open.spotify.com/playlist/0jf6zyv8uYB0K0Y1WW2NYl
Como foi a trajetória até iniciar na carreira musical?
JAY – Começamos na música como se fosse um hobbie, no início éramos apenas crianças brincando de cantar em cima de beats instrumentais de hip-hop na garagem do Nós do Morro. Cantávamos em eventos sociais, em escolas, no campinho show (evento aqui mesmo na comunidade) e em rodas de rima. Apenas em 2014 que começamos a entender que a nossa música nos daria grana, e foi quando começamos a viajar pra cantar em outros estados do Brasil e também fora dele.
Quem vocês veem como guia/inspiração?
JAY – Da pra citar aqui, Beyonce, Rihanna, Cardi B, Ciara mas temos muitas outras mulheres que levamos como inspirações, não só na música, mais também no teatro, nas novelas, na moda e até mesmo nas nossas vidas, como de exemplo as nossas Mães que sempre nos ensinaram e nos deram de tudo.
Como vocês pensaram na playlist que vocês montaram?
JAY – Pensamos na playlist como se estivéssemos em uma festa Black, o que gostaríamos de ouvir e dançar com a nossa galera? O que nos faria sentir o coração pulsar? Qual som nos faria nos sentir representados? Pensando nisso tudo montamos essa playlist só com cantores negros e poderosos.
Qual música foi o START para a carreira?
JAY – Acredito que a música que deu o verdadeiro START foi a “Chegando de assalto”. Foi ela que deu início a nossa nova formação como ABRONCA, e ela nos representa muito até hoje. É o som mais importante que fizemos até o momento.
Conte mais sobre a relação de vocês e o cabelo?
JAY – A minha relação com o meu cabelo sempre foi muito complicada e delicada. Sempre tive o cabelo alisado com todos os tipos de alisantes que existiam naquela época, e eu cresci achando que só era bonita com o cabelo liso de progressiva.
Hoje estou a um ano passando pela transição capilar, e ainda estou entendendo como é ter meu cabelo natural, mas estou amando essa fase de descobrimento, e estou contente com o quanto estou me sentindo “livre” por ser eu mesma.
Gostaria de dar alguma dica para as meninas negras?
JAY – Meninas, Mulheres, Negras, vocês são super poderosas. Ninguém nunca conseguirá apagar o nosso brilho e a nossa Grandeza. Somos o que somos e podemos ter o mundo, basta apenas o nosso esforço e a nossa força, pra continuar lutando até o fim. Acreditem sempre em vocês, ame cada traço do seu corpo, e nunca abaixe a cabeça pra ninguém!
De que forma você analisa seu alcance com artistas?
MY – Vejo tudo com um grande potencial!
Hoje sabemos que grandes nomes da música, que inclusive sempre foram referência pra gente, acompanham e curte nosso trabalho, não tem preço. Poder fazer grandes parcerias com esses artistas, cantar no mesmo som…
Dessa maneira conseguimos entender a importância e o quão grandioso tem sido nosso alcance na cena musical.

Em que momento vocês perceberam que a arte era o caminho certo?
MY – Acredito que foi no momento em que percebemos que esse é o nosso propósito. A arte nos fez chegar e alcançar lugares inimagináveis pra nós que somos moradoras de favela.
Quando entendemos a importância e a potência da nossa música, e a representatividade que tínhamos através da nossa arte, entendemos que somos porta voz! A arte nos Deus possibilidades e caminhos.
Vocês, alguma vez, foram recusadas em trabalhos por serem negras?
MY – Não exatamente recusadas em algum trabalho porque sempre trabalhamos com a música. Mas já aconteceu muitas vezes de nos sentirmos indesejadas em alguns locais, ou receber olhares de negação. Por nossa aparência e pela nossa cor!
Uma vez quando éramos mais novas fomos convidados a cantar em um lugar muito chique, onde só tinham pessoas de classe alta. Nos sentimos intimidadas a cantar nossas músicas que inclusive eram protestantes.
Mas recebemos todo apoio e auxílio da Dejaneth Idalice (que na época era nossa amiga e coreógrafa) que nos encorajou e conseguimos concluir a apresentação!
A arte ajuda de alguma forma a ultrapassar preconceitos? Se sim, por quê?
MY – Sem dúvidas! Nós mesmas somos exemplo disso.
A arte tem sido usada como ferramenta pra combater o preconceito racial, a desigualdade social! A arte tem dado voz e lugar, principalmente pra nós favelados. Tem dado caminhos e maneiras de se reinventar!
Sábado é dia da Consciência Negra, você pode falar mais sobre como essa data é representativa para você?
MY – Essa data é de grande importância. Como falei acima, Marca a relevância das ações para combater o racismo e a desigualdade social no nosso país. E também poder celebrar toda a nossa cultura e alguns avanços da nossa luta!