A força das mulheres na orla do Rio de Janeiro

O Dia Internacional das Mulheres é comemorado no dia 8 de março. A data tem como objetivo homenagear todas as mulheres e reforçar a luta diária delas por mais direitos, respeito e igualdade. 

A luta feminina começou no século XV e nunca parou. Quase cinco séculos depois, em 1908, nos Estados Unidos, cerca de 1500 mulheres realizaram uma manifestação exigindo igualdade política no país. No ano seguinte, o mesmo protesto reuniu 3 mil mulheres, o que resultou em uma greve que fechou mais de 400 fábricas no país. 

Até que infelizmente, em 1911, uma fábrica composta basicamente só por mulheres pegou fogo em Nova Iorque. De acordo com a socióloga Eva Blay no artigo 8 de março: conquistas e controvérsias, a fábrica empregava 600 pessoas, em sua maioria mulheres imigrantes de 13 a 23 anos. O fato reforçou ainda mais a necessidade de melhores condições e direitos trabalhistas para todas as trabalhadoras.

Após muitos séculos as mulheres conquistaram seu espaço e hoje estão em todos os lugares, gerenciando negócios, empreendendo, praticando esportes e muito mais. Um grande exemplo é a Dona Vera  de 58 anos, que junto de suas 4 irmãs cuidam do quiosque Pedra do Leme deixado pela mãe. Para Vera, a matriarca é seu grande exemplo de forma e superação. Ela nos contou sobre a figura da mãe para se desenvolver como mulher:

“Eu vou falar por ela e o que eu vivenciei e vi. Se hoje eu estou aqui é graças a uma guerreira que veio do Rio Grande do Norte com seu marido e filho (…) Quanto mais eu trabalho mais eu viro uma máquina, eu sou filha da Dona Elza, né? (…) Eu trago a minha casa para o quiosque, faço um trabalho coerente (…) Cinco mulheres sobrevivendo, não é fácil não, mas estamos aqui. Se eu pudesse, eu levantaria a mamãe como meu troféu”.

Embora ela gerencie o negócio com suas irmãs, nos revelou que em alguns momentos sente dificuldade em ser respeitada por alguns clientes e vendedores ambulantes. Inclusive, contou uma situação recente na qual pediu para que o vendedor colocasse a máscara, porém, ele fez uma cara de desprezo e foi se queixar com um colaborador do local, o que o rapaz não previa é que o gerente era irmão de Dona Vera. Então, após fazer sua contestação, ouviu em bom tom que devia cumprir a Vera, pois ela era uma das donas do quiosque. E então, finalmente, o vendedor colocou o equipamento. 

Dona Elza Barros

Além de Dona Vera, Marinei Oliveira também é uma inspiração na orla do Rio. A Mar – como gosta de ser chamada – empreende no quiosque Léo e Mar e cuida do seu negócio há 15 anos. Porém, a baiana de Ilhéus chegou à Cidade Maravilhosa e começou a trabalhar como doméstica em uma residência exatamente de frente para a praia. Isso despertava nela o sonho de ter um negócio próprio. Ela conheceu Léo, seu atual marido, parceiro e sócio nos negócios. Ela nos declarou: 

“Eu me mudei pro Rio por ter perdido meu esposo, eu não queria ficar (em ilhéus), queria uma nova vida (…) Conquistei primeiro uma barraca de areia e do lado tinham dois quiosques que não serviam bem, os clientes pediam peixe e eles não sabiam fazer, coisas mal feitas e aí a gente pegava o peixe e trazia pro pessoal aqui. E todo dia a gente (Mar e Léo) falava que precisava de um quiosque.”

Para Mar, a mulher tem que ser independente acima de qualquer coisa, saber curtir a vida. Espirituosa, sempre com muita fé, Marinei revela que o mar é onde buscamos resposta, é um lugar sagrado.

Entretanto, não são só as operadoras que dão show de força e bravura na orla carioca, a campeã no Rio Open de Skimboard, Taiana Bastos, de 39 anos, possui uma história inspiradora. Ela se mudou de sua cidade natal, Resende, para o Rio em busca do seu sonho. Ela afirma que: 

“Fui campeã no Rio Open de skimboard em 2005 aos 23 anos, entre outros campeonatos. Incentivei o esporte, fiz diversas matérias para tv e criei um projeto para dar aulas de skim, organizei campeonatos na praia do Leblon e Prainha do Vidigal neste mesmo ano!”.

Apesar de sua carreira estimável, a sua trajetória nem sempre foi fácil, afinal, teve muitas adversidades sendo mulher – igualmente a Dona Vera – como ela mesmo conta: 

“Acredito que por ser mulher, mesmo sendo corajosa  e dedicada (…) parece que nossa “voz” perde a força e isso de certa forma dificulta e acaba não trazendo tantas oportunidades de trabalho”. 

Porém, ela nunca desistiu e sente que está num lugar privilegiado: 

“Sem a praia não seria possível descrever a minha história! Pois a minha história também acontece na praia. A praia é a minha grande inspiração para ser feliz, estar perto do mar sempre foi a maior riqueza que almejei conquistar. A praia é um dos lugares mais importantes da minha vida! (…) Lá (praia) eu pude realizar meu sonho de ajudar a difundir o skimboard e superar todas as adversidades do caminho (…)”.

Por fim, Taiana, afirmou a importância do Dia Da Mulher para ela: 

“Significa o reconhecimento  e luta de todas as mulheres e todo sofrimento que vivenciamos ao longo da história até os dias atuais. É o dia que precisamos reforçar não a violência, não ao marxismo, não a salários desiguais, e sim que estamos aqui pra continuar escrevendo a nossa história e lutar por todos os nossos direitos com amor, dignidade  e sabedoria!”.

Taiana, Vera e Mar são unidas não só por serem mulheres incríveis, mas por compartilharem um ambiente inspirador e de trabalho que é a praia. As três não só trabalham na praia, mas sim com ela. Ser mulher é sinônimo de luta e espiritualidade. Por isso, neste 8 de março queremos que todas que constroem conosco a nossa praia sintam-se homenageadas. Que a trajetória de cada uma seja sempre uma inspiração!

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