Personagens da orla: a história do pescador Sérgio Borel

“O pescador não inventa, apenas aumenta um ponto para deixar o conto mais interessante”
As praias cariocas, além de muita beleza, agregam variadas histórias, contos, culturas diversas que precisamos mesmo conhecer. Pensando nisso, o papo de hoje faz parte da série que apresenta os verdadeiros personagens da praia — as figuras marcantes que fazem deste ambiente o seu grande negócio, ou simplesmente um cantinho especial.
Considerada uma extensão do Quebra-Mar, a Praia dos Amores fica ”embaixo” do Elevado do Joá, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e é conhecida por ser bastante rasa, com águas muito tranquilas para a prática de canoagem e pesca, um autêntico símbolo da região. Neste mesmo cantinho, conhecido como a casa dos pescadores, está localizada a APELABATA — Associação de pescadores amigos da Barra e adjacências, um tradicional mercado de peixe à beira mar, fundada por Sérgio Borel, que há 52 anos atua como pescador da região.
Diferente da fábula popular, esta é uma história de pescador que de enganadora não tem nada. De acordo com o próprio, “o pescador não inventa, apenas aumenta um ponto para deixar o conto mais interessante”. Ele conta que história pra contar não falta, já que ele sempre viveu da pesca e por consequência, da praia. Borel iniciou na pesca através de um amigo de seu pai, o baiano, o pioneiro de toda essa jornada da pesca.
“Na época de moleque, com a idade de 13 anos, eu e a minha família não morávamos aqui, éramos de Vila Isabel e sempre que meu pai vinha à praia pescar, eu vinha junto. O baiano ia pro mar trabalhar, quando um dia de repente acabei indo com ele para pescar tainha, no dia seguinte fui de novo, fui pegando gosto por aquilo e com o tempo fui crescendo, ganhando força e comecei a ficar muito na pesca, e nessa já somei 52 anos dessa atividade, contou.
Protegido por Iemanjá, Borel ressalta a sua fé na rainha do mar. Segundo ele, o mar traz muitos benefícios e glórias, mas há diversos apuros, o que significa que a gente nunca sabe o que vai encontrar pela frente. E ele recorda, “certa vez, eu estava em alto mar, não conseguia pescar nada, o tempo começou a fechar e nada de vir peixes. De repente um saco de leite agarrou no motor do barco, mas não entrei em pânico, pedi a Iemanjá e São Pedro que me ajudasse. O que parecia um problema, na verdade já era um sinal dos meus santos queridos, o plástico que estava preso no motor do barco, veio junto com um cardume que salvou aquele dia”, relembra Borel.
Sérgio, também recorda que nos anos 80, quando ele ainda era garoto, a prática da pesca rendia muitos lucros. Em apenas uma retirada de rede, quase mil reais em ganho, comparado com a moeda do cruzeiro que prevalecia neste tempo. “Na época isso era muito dinheiro pra gente, mas eu e meus outros amigos da pesca, a gente só queria curtir, paquerar e beber com os amigos, mas de toda forma, foi a pesca a responsável por eu construir minha casa, família, minha vida”, contou.
A espécie em maior número de capturas na região do Quebra Mar e adjacências, é o robalo, porém no mercado de peixe, estabilizado na APELABATA é possível encontrar muita variedade em peixes para compra. Para a atividade da pesca, é preciso ficar sempre atento aos riscos de pescar em pedras ou costões, pois estes podem causar acidentes. Cuidados ao caminhar por pontos úmidos e escorregadios são essenciais, mas não os únicos, pois até quando estes locais estão secos podem ser perigosos devido às condições do mar e os riscos das ondas que batem contra as pedras. Ondas, aliás, podem provocar “capotes” até mesmo nas praias. Portanto, a recomendação é um olho no peixe e outro no mar.
Pescador que é pescador sempre tem muita história pra contar e com a jornada de Borel, não há como não reconhecer a praia como um ambiente promissor, um universo de oportunidades, capaz de construir histórias e vidas. A associação fica localizada embaixo do viaduto do elevado do Joá e funciona diariamente pela manhã e tarde. Aproveite essa história de pescador e visite a colônia de pescadores
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